quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Texto Complementar (para próxima aula - 17/01/17) - Projeto de Trabalho

1Projeto de Trabalho 
Autoras: Maria de Jesus Oliveira e Maria Marina Dias Cavalcante.

No decorrer dos estudos que fizemos até o momento, é recorrente nossa preocupação com um processo metodológico que envolva o aluno na construção de uma aprendizagem significativa e, por conseguinte, promotora de sua maior integração na vida social e produtiva de sua comunidade e região.
Uma proposta metodológica rica em atividades diversificadas, experimentações, trocas de vivências pessoais, que assegurem a articulação dos conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais) trabalhados em sala de aula com a vida e o trabalho, de modo a contribuir para que nossos alunos construam saberes e sua própria identidade, fazendo assim, sua história.
Nessa busca, vamos aprender mais um caminho possível para a concretização desse propósito. Estamos falando da prática educativa desenvolvida a partir de Projeto de Trabalho. Uma prática que propicia a organização das atividades de ensino e aprendizagem de modo flexível e com vivências alicerçadas na vida social e profissional do aluno, abertas às diferentes relação com o ato educativo formal e informal.
Permite, também, que o aluno viva a experiência positiva de projetar-se no tempo através do planejamento de suas ações e de seus aprendizados, assumir responsabilidades e não depender somente do professor; fazer escolhas e comprometer-se com elas, além de confrontar-se com outros; de exercitar a solidariedade; de ter oportunidade de ser agente de suas aprendizagens e ao mesmo tempo produzir conhecimentos e práticas que têm sentido para sua vida.
Desse modo, o Projeto de Trabalho sintonizando o cotidiano escolar e o currículo com as grandes preocupações sociais contemporâneas possibilita re-significar o espaço-tempo escolar, transformando-o em um lugar vivo de interações, aberto ao real e as suas múltiplas dimensões.
Esta discussão nos remonta a contextos educativos (escolas e universidades) não atuais. Surgiu como uma das contribuições de John Dewey a partir de seu entendimento no qual a escola é o Centro de Educação que deveria preparar os alunos para resolução de problemas com que se deparavam no ambiente social. (ALLARCÃO 1996p.43) Tais idéias foram amplamente divulgadas no Brasil, por Lourenço Filho, em meados da década de 1920, contrapondo-se aos métodos utilizados pela escola tradicional.
A temática foi retomada nas décadas finais do século XX, momento em que se buscavam alternativas para ressignificação dos currículos escolares e de seus reflexos sobre a formação dos sujeitos (HERNANDEZ, 1998), numa tentativa de rompimento com práticas que fragmentavam os conhecimentos e a apreensão da realidade.
Nesse sentido, a transgressão em organização de projetos de trabalho surge como possibilidade de e Mudança na Educação como afirma também (HERNANDEZ 1998) numa tentativa de superação desta visão fragmentária de conhecimento, e por conseqüência de homem, sustentando-se na compreensão de aprendizagem como um processo global, em que teoria e prática são indissociáveis. De acordo com BEHRENS (2006)
(...) o projeto tem a finalidade de circunscrever a visão do todo envolvendo o processo de investigação decorrente da problematização precisa enfatizar a necessidade da proposição de atitude transdisciplinar. Afinal o projeto tem a função de canalizar energias para investigar possíveis respostas para um determinado problema e esse problema não está isolado em uma única disciplina. (p35)


Todos os alunos, em seus diferentes segmentos, são capazes de trabalhar com esta metodologia, bastando que se faça as devidas adequações ao nível de cada turma, mesmo que nela existam alunos que ainda não consigam ler bem, podendo, com o auxílio dos colegas e professor, participar das atividades para ele planejado.
Hernández (1998) chama Projeto de trabalho o enfoque integrador da construção de conhecimento que transgride o formato da educação tradicional de transmissão de saberes compartimentados e selecionados pelo/a professor/a e reforça que o projeto não é uma metodologia, mas uma forma de refletir sobre a escola e sua função. Como tal, sempre será diferente em cada contexto. Há um conceito de educação que permeia esta modalidade de ensino que entende a função da aprendizagem como desenvolvimento da compreensão que se constrói a partir de uma produção ativa de significados e do entendimento daquilo que pesquisam, identificando diferentes fatos, buscando explicações, formulando hipóteses enfim, confrontando dados para poder realizar.
Cabe ressaltar algumas particularidades dos projetos de trabalho para que possamos compreendê-lo como uma atividade complexa, capaz de superar uma visão fragmentada de conhecimento (HERNANDEZ, 1998, p. 78):


  1. O desenvolvimento de um projeto não é linear, nem previsível;
  2. Não se repete; uma vez que a experiência com cada turma de alunos é única;
  3. Questiona a ideia de que se deve ensinar das partes para o todo, e que, com o tempo, o aluno estabelecerá relações.
Os alunos, dessa forma, aprendem ao fazer relações e conexões entre os conhecimentos e conteúdos, ao intervirem no espaço escolar, ao problematizarem a realidade e elaborar diferentes estratégias de investigação e ao agir de forma ativa e autônoma diante das situações-problema.
Nesse sentido, surge como possibilidade de desenvolvimento da autonomia de alunos-professores e como espaço de construção do conhecimento, uma vez que proporciona a reflexão crítica sobre a prática e a transformação da mesma.
Os projetos de trabalho, associados às outras características citadas por Hernandez (1998, p. 82) podem desenvolver posturas formativas necessárias à vida:


  1. Percurso por um tema-problema. Dentro da área específica no qual poderão pensar um tema específico que deverá ser trabalhado no grupo. Os mecanismos de planejamento, organização de material, metodologia a serem utilizadas serão decididas pelo grupo.
  2. Atitude de cooperação. O professor e os alunos assumem a postura de aprendizes desse trabalho, cujas atividades não podem ser desenvolvidas isoladamente, tendo a marca do trabalho coletivo.
  3. Procura estabelecer e questionar a ideia única de realidade. Os conhecimentos trabalhados deverão ser aprofundados e discutidos, de forma crítica e reflexiva, fazendo, em todos os momentos, a ligação com a prática, entre o escrito e o vivido.
  4. Cada percurso é singular. O grupo tem sua maneira específica de caminhar e resolver seus problemas. Desse modo, cada projeto terá sua forma única de conduzir seus trabalhos.
  5. Diferentes formas de aprender. O trabalho no projeto deverá ser alternativo, criativo, envolvendo as diferentes formas de aprender e de ensinar.
  6. Uma aproximação atualizada dos problemas e das disciplinas e saberes. É preciso ter propostas de ensino-aprendizagem que fujam dos padrões comumente utilizados no cotidiano. Dessa forma os problemas de cada área específica do conhecimento e as dificuldades dos alunos serão evidenciadas.
  7. Leva-se em conta o fato de que todos os alunos podem aprender. A postura metodológica que trabalha o conhecimento aproveitando diferentes meios, de ensino e pesquisa, tem como base a crença de que os alunos são capazes de aprender uns com os outros, crescendo no coletivo. Aprendem ainda os estagiários e os professores formadores.


As posturas formativas acima indicadas podem colaborar para a ressignificação das práticas escolares em Educação. O trabalho colaborativo proporcionado pelo desenvolvimento dos projetos possibilita a valorização dos conhecimentos e da experiência de todos os sujeitos que nele se envolvem, além do estabelecimento de um novo tipo de relações na Escola.
Na história da educação a prática de Projetos de Trabalho, remonta à leitura de clássicos como Dewey, Decroly, Freinet e Kilpatrick que já sinalizavam para a realização de atividades educativas vinculadas ao mundo real, pretendendo romper com a desarticulação entre os conhecimentos escolares e a vida, com a estrutura rígida e fragmentada do modelo educativo predominante em sua época, e outras características da pedagogia tradicional.
Decroly (1871 – 1932) se destacou com a criação dos Centros de Interesse, como é conhecido atualmente. Seu método de trabalho rompeu com a rigidez dos programas de ensino de seu tempo e espaço.
A concepção didática do Centro de Interesse apoiava-se, em linhas gerais, num duplo ponto de partida psicopedagógica. Por um lado, destacava o princípio da aprendizagem por descoberta, que estabelece uma atitude positiva para a aprendizagem do aluno. Por outro, outorgava ao aluno o direito e a decisão sobre o que se deve aprender.
Para seu autor, o Centro de Interesse partia da necessidade do aluno em relação ao conhecimento a ser estudado em colaboração com o professor. Portanto, o ambiente de estudo (a sala de aula) transpunha as quatro paredes da classe. A criatividade e autonomia do aprendiz eram exercidas sem pressão ou normas coercitivas em etapas da atividade que se dividiam em observação (seleção do tema a partir do interesse do aluno), associação (ligado ao conhecimento prévio) e expressão (construção do novo esquema mental / conhecimento / aprendizagem), trabalhadas de forma associada.
Não podemos, também, deixar de mencionar as contribuições de Kilpatrick, em 1918, com sua proposta de “Métodos de Projetos”. Sua intenção era transformar o currículo de cada curso em conjunto de “projetos”. Seu princípio fundamental era trabalhar na sala de aula o que se faz continuamente no ambiente natural em que se vive. O saber tratado na sala de aula passa a ser o mesmo utilizado na vida real. Na proposta de Método de Projetos desse educador deveria ser observadas quatro fases: decidir a finalidade; elaborar o plano; executar o plano e avaliar o desenvolvimento.
É muito importante ressaltar que apesar da preocupação desses estudiosos em trazer para a sala de aula os interesses dos alunos, as questões sócio-políticas nas quais se encontravam inseridos não eram problematizadas, com vistas a sua transformação.
A esses estudos somaram-se muitas outras contribuições, em especial, as advindas das linhas educacionais da década de 80 até nossos dias, com destaque para a visão construtivista sobre aprendizagem e a pesquisa sociocultural, trazendo o imperativo da problematização do contexto sócio-político, da participação, e da interação no ensinar e no aprender.
Na acepção de Hernández (2003), os projetos de trabalho tornaram-se nesses últimos anos uma das alternativas mais viáveis para as necessidades de aprendizagens do educando. Por outro lado, o autor nos alerta que “não podemos depositar nos projetos de trabalho a responsabilidade de ser a solução para os problemas da instituição escolar nem, muito menos, para tudo o que a sociedade deposita na escola” (1998:27). Sua concepção pedagógica dá ênfase na contextualização histórico-metodológica, entendida como um processo de interação social, e na qual as relações entre conteúdos e áreas de conhecimento têm lugar significante para resolver uma série de problemas de aprendizagem.
Com essas considerações acerca dos projetos de trabalho, o professor planeja sua intervenção e organiza o desenvolvimento do seu projeto de trabalho Hernández aponta como possíveis etapas:
  • determinar com o grupo a temática a ser estudada e princípios norteadores;
  • definir etapas: planejar e organizar as ações - divisão dos grupos, definição dos assuntos a serem pesquisados, procedimentos e delimitação do tempo de duração;
  • socializar periodicamente os resultados obtidos nas investigações (identificação de conhecimentos construídos);
  • estabelecer com o grupo os critérios de avaliação;
  • avaliar cada etapa do trabalho, realizando os ajustes necessários;
  • fazer o fechamento do projeto propondo uma produção final, como elaboração de um livro, apresentação de um vídeo, uma cena de teatro ou uma exposição que dê visibilidade a todo processo vivenciado e possa servir de foco para um outro projeto educativo;

Esta forma de organização de saberes que vai se construindo como uma rede, sensibiliza alunos e alunas para aquilo que lhes interessa ou preocupa, legitimando a função social da escola. Possibilita a validade do conhecimento aprendido, resultando numa melhor decisão para a qualidade de vida na sociedade e reconhece o sujeito cidadão, capaz de se inserir no pensamento coletivo para o compartilhamento de espaços e serviços comuns.
Incluir o aluno na análise e na decisão, de questões que lhe dizem respeito, contribui para o desenvolvimento consciente de sua cidadania. A escola, em particular, é o lugar para oportunizar este tipo de aprendizagem: o exercício da tomada de decisões, tanto individuais como coletivas. Ao refletir sobre suas próprias concepções, frente às de outros, o aluno amplia seu repertório de alternativas para uma determinada situação e provoca a desestabilização de seus critérios de inserção na coletividade.
O/a professor/a frente aos projetos: o que fazer?.
  • é pesquisador da realidade e conduz os alunos/as ao exercício da observação, percepção, análise crítica e criatividade;
  • compreende sua responsabilidade social e investe na interação;
  • sabe como se constrói conhecimento e planeja levando em conta o aluno real;
  • avalia permanentemente sua prática e a modifica;
  • é comprometido com novos paradigmas que orientam o pensar pedagógico;
  • é um observador constante e atento, mediando as ações e interagindo com os alunos..

No desenvolvimento de um projeto de trabalho todos os sujeitos se envolvem de forma ativa no processo de construção de conhecimentos e na resolução de situações-problemas.
Nesse sentido, o diálogo pedagógico é considerado como o principal eixo do projeto, o papel do professor é o de problematizador e facilitador da aprendizagem.
Nas palavras de Hernandez (1998, p. 93)


O papel do professor consistirá em organizar, com um critério de complexidade, as evidências das quais se reflita o aprendizado dos alunos, não como um ato de controle, ma sim de construção do conhecimento compartilhado.


Dessa forma, o professor precisa fazer a mediação (HOFFMA., 19...) entre o problema a ser investigado, a elaboração do projeto e a formação de grupos de trabalho.A função do professor é fazer o diálogo pedagógico com os alunos e proceder a mediação entre estes e o conhecimento.
Entendemos, dessa forma, que o professor é o profissional responsável por oferecer suporte teórico e prático a orientar os caminhos a serem percorridos pelo grupo no desenvolvimento dos projetos de trabalho, que possibilita mediações necessárias à construção do conhecimento, atua como interlocutor e animador (FRANCO, 2004).
No processo de mediação, o professor cria situações de aprendizagem que permitam a realização de regulações, que são momentos em que os alunos sistematizam os conhecimentos construídos e formalizam os conhecimentos colocados em ação.
Assim, professor e alunos vão coletivamente construindo estratégias de ação, considerando elementos ligados à individualidade de cada aluno, como seus limites e possibilidades. Nesse sentido, BEHRENS (2006 P.61 A 72) chama atenção para aspectos importantes: autonomia do aluno (em que o devem ser favorecidas ações como pesquisa, reflexão e elaboração de procedimentos);disciplina (relativa ao compromisso em relação a momentos como planejamento, assiduidade, etc); afetividade (proporcionando um clima de confiança) e abertura (em que são bem aceitas as críticas e sugestões relacionadas ao estágio, vistas como possibilidade de melhoria do mesmo).
Assim, os projetos de trabalho desenvolvidos consolidam-se como espaços colaborativos de aprendizagem coletiva e ressignificação das relações na Escola e na sociedade.
Três momentos são configurados no desenvolvimento de um projeto:
  1. Problematização: é o momento inicial, é o ponto de partida em que os alunos expressarão suas idéias, crenças, conhecimento sobre um tema extraído do interesse da realidade do aluno. O desenvolvimento posterior do projeto dependerá da problematização, pois é nessa fase que o professor detecta o que os alunos sabem, suas experiências e familiaridade com o tema e desafia-os a atuarem como sujeitos ativos de sua aprendizagem. Duas questões poderão nortear este momento: Que sei sobre esse tema? O que gostaria de saber? Muitas outras indagações relativas ao tema do projeto deverão ser levantadas a fim de facilitar a organização do projeto pelos professores e alunos.
b) Desenvolvimento: é o momento em que se elaboram as atividades de estudo, para responderem as inquietações suscitadas na problematização. Deverá ser iniciado com a pergunta: Como vamos desenvolver esse Projeto de Trabalho? Sua resposta, certamente, propiciará: a organização dos grupos e/ou duplas com distribuição de tarefas, a definição de estratégias diversificadas de estudos, horário de estudo e tempo de duração das atividades dentre outras providências. O professor, no processo de mediação da aprendizagem, deverá fazer intervenções e sempre problematizar os conteúdos com questões desafiadoras, assegurando o desenvolvimento do tema de estudo em articulação com as áreas do conhecimento postas nos Referenciais Curriculares Básicos da EJA. É imprescindível sua orientação para o desenvolvimento de atividades a serem realizadas dentro e fora da sala de aula (na biblioteca, em visitas e entrevistas a pessoas da comunidade, pesquisa em sindicatos, associações), para organização de feiras culturais ou exposições de artesanato, para criação de literatura de cordel, de modo que os alunos se deparem com as situações de ensino, pesquisa e aprendizagens necessárias para debater, confrontar experiências, conhecimentos, opiniões diversas, vivências, respondendo as indagações do tema e ressignificando seus conhecimentos. Cabe ainda ao professor a orientação na indicação de materiais bibliográficos (dicionários, revistas, livros, jornais, enciclopédias, filmes, fita K7 e outros) e na elaboração de relatórios parciais, orais e escritos sobre as ações realizadas.
  1. Síntese: corresponde à sistematização das ações ocorridas nos momentos anteriores; às observações da superação das convicções iniciais por outras mais complexas, ou seja, a superação das hipóteses iniciais e a construção de novas aprendizagens. É o momento em que os alunos e professores, juntos com os demais sujeitos da escola, podem apresentar as aprendizagens construídas através de cartazes, produção de materiais, registro pelo desenho, música ou paródia, peças teatrais, painel de notícias, feiras, elaboração de cordel etc.
Quando da execução do Projeto de Trabalho, constata-se que esses momentos não são etapas estanques, mas momentos inter-relacionados existindo em separado apenas para sua explicitação didática.
A sistemática de avaliação das ações educativas no Projeto de Trabalho dá-se a partir de dois processos: um de ordem interna, relacionado à assimilação do aluno frente aos temas trabalhados, ou seja, o que realiza cada aluno e no qual se recapitula o que foi feito e o que foi aprendido; outro de ordem externa, aplicado em situações diferentes, a partir das informações trabalhadas pelo professor, com o objetivo de realizar novas relações, comparações e abrir novas possibilidades de destaque para o tema e, para que se abram novas perspectivas de continuidade para projeto subsequentes, formando-se uma teia de significações dentro do processo.
Toda sistemática de avaliação é realizada através de um dossiê (Portfólio??) de sínteses dos aspectos tratados no projeto, levando-se em consideração que ele é um componente da avaliação formativa e o reflexo do conteúdo trabalhado e aprendido.
Portanto, trabalhar com Projetos de Trabalho pressupõe outra concepção de ensinar, aprender e do ato de planejar. O aluno assume um outro papel no processo de ensino-aprendizagem: deixa de ser submisso e passivo, constrói o conhecimento, desenvolvendo atividades, discutindo, buscando informações, enfim, conduzindo o trabalho na busca de respostas aos problemas levantados. A aprendizagem se desenvolve de forma contínua, participativa, crítica e criativa no processo de transformação da realidade. O professor, também, não apenas ensina, transmitindo conhecimentos, mas questiona, estimula, orienta e organiza, juntamente com o aluno, as aprendizagens realizadas.
A prática do desenvolvimento de projeto de trabalho é o caminho para aprendermos melhor sua teoria, metodologia e seus propósitos. Leia e reflita os depoimentos da professora Vera e da aluna Talita que vivenciaram o desenvolvimento de projetos de trabalho.
Com a palavra a professora Vera
Sempre fiquei muito preocupada com a sistematização de conteúdos e tinha medo que os projetos acabassem por prejudicar a qualidade do ensino. O trabalho com projetos me mostrou o contrário. A partir desse projeto, pude trabalhar vários conteúdos matemáticos de forma significativa.
Meus alunos compreenderam bem o conceito de escola bem como sua função social. Percebi que as áreas de conhecimento que aparecem no projeto são as necessárias para resolver as questões propostas pelo grupo; por essa razão, não há como determinar que em cada projeto precisam aparecer todas as áreas, ou que se deve ter um projeto para cada área de conhecimento. Essa definição vai depender da natureza do projeto.
O fato de trabalhar os conteúdos das áreas a partir de projetos não dispensa o professor de ter clareza acerca de suas intenções educativas, ou ter parâmetros para nortear suas escolhas. O que mudou, em meu modo de ver, foi a postura que passei a ter diante desses objetivos. Hoje, não enxergo mais objetivos como pontos terminais de um processo que, ao cabo de dois meses, todos deverão alcançar. Sei que são como um fio condutor de meu trabalho, dando parâmetros para a minha prática.
Percebi que, com os projetos, os alunos não entraram em contato com os conteúdos das áreas a partir de conceitos abstratos e de modo teórico. Isso fez com que a aprendizagem fosse mais significativa e duradoura.
Fonte: Diários. Projetos de Trabalho. – Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação a Distância, 1998,96p. Cadernos da TV Escola. PCN na Escola: nº3
Os alunos também vão percebendo mudanças em seu processo de aprendizagem quando passam a estudar a partir da perspectiva de Projetos de Trabalho. Vejamos dois depoimentos de alunos que trabalharam com Projetos de Trabalho.
A palavra da aluna Talita
A gente não tinha muito interesse para fazer aquilo que a gente queria. Agora não, agora é diferente. Os alunos, eles trazem aquilo que a gente tem em casa, a gente procura nos livros, procura nas casas das pessoas.
Fonte: Diários. Projetos de Trabalho. – Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação a Distância, 1998,96p. Cadernos da TV Escola. PCN na Escola: nº3
Finalizando nossa conversa sobre projetos de trabalho é importante ressaltar novamente que não há um método ou uma fórmula pronta para desenvolver projetos, mas sim uma concepção diferenciada do/a professor/a em relação ao ensinar e aprender. Esta será sempre uma relação de troca e de construções sociais interativas, nas quais todos são importantes parceiros e colaboradores.
E, assim, conhecemos um pouco sobre os Projetos de Trabalho como outro caminho para transformar o espaço da aula em um espaço pedagógico diferenciado, aberto a inovações e a contribuições de aprendizagens significativas para os alunos.
Texto elaborado para uso em sala de aula, de autoria das professoras: Maria de Jesus Oliveira e Maria Marina Dias Cavalcante.


BIBLIOGRAFIA DE APOIO:


HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed,1998.
_______________________. VENTURA M. Organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed,1998
BEHRENS, Marilda Aparecida. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.



1 Texto elaborado para uso em sala de aula, de autoria das professoras: Maria de Jesus Oliveira e Maria Marina Dias Cavalcante.


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