Autora do texto completo:: Jussara Hoffman
Avaliação
Formativa ou avaliação mediadora?
Introdução
Ao
avaliar efetiva-se um conjunto de procedimentos didáticos que se
estendem sempre por um longo tempo e se dão em vários espaços
escolares, procedimentos de caráter múltiplo e complexo tal como se
delineia um processo.
É
preciso, então, pensar primeiro em como os educadores pensam a
avaliação antes de mudar metodologias, instrumentos de testagem e
formas de registro. Mesmo que o educador trabalhe com muitos alunos,
sua relação, no processo avaliativo, estabelecer-se-á de forma
diferente com cada um deles.
Todo
processo avaliativo tem por intenção: a) observar o aprendiz; b)
analisar e compreender suas estratégias de aprendizagem; e c) tornar
decisões pedagógicas favoráveis à continuidade do processo. O
significado essencial desses registros é servirem de pontos de
referência para a continuidade das ações educativas, do próprio
professor ou de
Processo
subjetivo e multidimensional
Pretender constituir a avaliação
da aprendizagem num processo objetivo, normativo e padronizado é
deturpá-la em seu significado essencial – de humanidade. É
preciso valorizar as diferenças individuais sem jamais perder de
vista o contexto interativo. Toda relação de saber se dá a partir
da interação do sujeito com os objetos de conhecimento, da relação
com os outros e da relação consigo próprio (CHARLOT, 2000).
É função da avaliação a
promoção permanente de espaços interativos sem, entretanto, deixar
de privilegiar a evolução individual ou de promover ações
mediadoras que tenham sentido para o coletivo. Para que o processo
avaliativo tenha sentido, as propostas educativas precisam estar
articuladas em termos de gradação e complexidade.
Uma
ação em três tempos
Avaliação
é, portanto, uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer
pedagógico e cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta
pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação
educativa. A observação, a reflexão e a ação ocorrem em tempos
não lineares, que podem se dar de forma simultânea ou paralela, na
dinamicidade que caracteriza a própria aprendizagem.
É
o movimento percebido que faz a diferença: viver a espontaneidade de
cada momento, estabelecer o múltiplo diálogo com os aprendizes, com
a flexibilidade necessária para fazer o desafio diferente a
diferentes alunos dentro de um mesmo grupo. O que nos permite
destacar dois princípios de um processo avaliativo mediador
presentes na cena relatada: a)
O princípio formativo/mediador: desenvolver
estratégias pedagógicas desafiadoras para cada um e para todos os
alunos a partir da observação e reflexão das manifestações
individuais de aprendizagem;
b) O princípio ético:
cuidar
mais e mais tempo de quem precisa mais.
Todos
os dias, todas as horas e na dinâmica própria das salas de aula se
fazem espontaneamente presentes os três tempos da avaliação
mediadora: 1. O
tempo da admiração: aprende
a “ad-mirar” o sujeito aprendiz, a partir da convivência com o
outro buscando um olhar mais amplo, mais intenso, sempre presente;
2. O tempo da reflexão: o
tempo de refletir sobre jeitos de aprender, termos humildade no
sentido de pensar no que somos e sabemos para interpretar o que se
está vendo acerca da realidade observada;
3. O tempo da reconstrução das práticas avaliativas:
o
tempo que lhe dá essência, é o da ação reflexiva, da mediação.
Uma
concepção formativa e mediadora
Diferente
de uma questão processual a concepção formativa está no
envolvimento do professor com os alunos e na tomada de consciência
acerca do seu comprometimento com o progresso deles em termos de
aprendizagens – na importância e natureza da intervenção
pedagógica. A visão formativa parte do pressuposto de que, sem
orientação de alguém que tenha maturidade para tal, sem desafios
cognitivos adequados, é altamente improvável que os alunos venham a
adquirir da maneira mais significativa possível os conhecimentos
necessários ao seu desenvolvimento, isto é, sem que ocorra o
processo de mediação
As
contribuições de Piaget e Vygotsky
Os
estudos de cunho piagetiano sugerem situações educativas que
privilegiem
desafios cognitivos ao invés Do “instrucionismo” que prevalece,
hoje nas salas de aula. Para
o educador que se baseia na perspectiva mediadora construtivista, o
desafio está em propor atividades que sejam provocativas aos alunos,
desde que adequadas às suas possibilidades de desenvolvimento, o que
lhes exige, então, um grande conhecimento dos educandos. A concepção
de aprendizagem de Piaget(1977) pressupõe desequilíbrio, conflito,
reflexão e resolução de problemas.
Em
Vygotsky (1991, 1991b, 1993, 1995), o conceito de mediação é
central em termos do desenvolvimento humano como processo
sócio-histórico. Como sujeito do conhecimento, o homem não tem
acesso direto aos objetos do conhecimento. Esse acesso mediado por
elementos mediadores a partir dos quais se dá a transposição dos
significados do mundo real para o seu pensamento (representações).
De acordo com essa teoria, o
educador não deve levar em conta, como ponto de partida para a ação
pedagógica, apenas o que o aluno já conhece ou faz, mas
principalmente, deve pensar nas potencialidades cognitivas dos
educandos, fazendo outros desafios e mais exigentes no sentido de
envolvê-los em novas situações, de modo a provocá-los,
permanentemente, à superação cognitiva.
O
papel mediador do professor
Dessa
forma, tanto
Piaget quanto Vygotsky fundamentaram o papel insubstituível do
educador na construção do conhecimento, defendendo a importância
da interação adulto/acriança e criança/criança como
desencadeadora dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento.
Em
sintonia com tal perspectiva teórica, o processo de avaliação
mediadora
tem por intenção, justamente, promover melhores oportunidades de
desenvolvimento aos alunos e de reflexão crítica da ação
pedagógica, a partir de desafios intelectuais permanentes e de
relações afetivas equilibradas. A partir dessas
considerações teóricas sobre a mediação, pode-se transpor para a
prática avaliativa três princípios essenciais: O
princípio dialógico/interpretativo da avaliação:
a intenção é a de convergência de significados, de diálogo, de
mútua confiança para a construção conjunta de conhecimentos; O
princípio da reflexão prospectiva:
avaliar como um processo que se embasa em leituras positivas das
manifestações de aprendizagem dos
alunos, olhares férteis em indagações; O
princípio da reflexão-na-ação:
avaliar como um processo mediador se constrói na prática.
Para
acompanhar o ritmo alucinado de uma escola, de muitas horas de
trabalho com crianças e adolescentes, é certo que não basta ser
consciente do caráter mediador e interativo da avaliação. Penso
que temos de admitir que não sabemos e tentar descobrir como fazer.
Fichamento feito por Najla Almeida, a partir de contribuições dos grupos de trabalho da turma de Didática Geral.
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