segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Fichamento do texto "Avaliação formativa ou avaliação mediadora?

Autora do texto completo:: Jussara Hoffman

Avaliação Formativa ou avaliação mediadora?

Introdução

Ao avaliar efetiva-se um conjunto de procedimentos didáticos que se estendem sempre por um longo tempo e se dão em vários espaços escolares, procedimentos de caráter múltiplo e complexo tal como se delineia um processo.
É preciso, então, pensar primeiro em como os educadores pensam a avaliação antes de mudar metodologias, instrumentos de testagem e formas de registro. Mesmo que o educador trabalhe com muitos alunos, sua relação, no processo avaliativo, estabelecer-se-á de forma diferente com cada um deles.
Todo processo avaliativo tem por intenção: a) observar o aprendiz; b) analisar e compreender suas estratégias de aprendizagem; e c) tornar decisões pedagógicas favoráveis à continuidade do processo. O significado essencial desses registros é servirem de pontos de referência para a continuidade das ações educativas, do próprio professor ou de

Processo subjetivo e multidimensional

Pretender constituir a avaliação da aprendizagem num processo objetivo, normativo e padronizado é deturpá-la em seu significado essencial – de humanidade. É preciso valorizar as diferenças individuais sem jamais perder de vista o contexto interativo. Toda relação de saber se dá a partir da interação do sujeito com os objetos de conhecimento, da relação com os outros e da relação consigo próprio (CHARLOT, 2000).
É função da avaliação a promoção permanente de espaços interativos sem, entretanto, deixar de privilegiar a evolução individual ou de promover ações mediadoras que tenham sentido para o coletivo. Para que o processo avaliativo tenha sentido, as propostas educativas precisam estar articuladas em termos de gradação e complexidade.

Uma ação em três tempos

Avaliação é, portanto, uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer pedagógico e cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação educativa. A observação, a reflexão e a ação ocorrem em tempos não lineares, que podem se dar de forma simultânea ou paralela, na dinamicidade que caracteriza a própria aprendizagem.
É o movimento percebido que faz a diferença: viver a espontaneidade de cada momento, estabelecer o múltiplo diálogo com os aprendizes, com a flexibilidade necessária para fazer o desafio diferente a diferentes alunos dentro de um mesmo grupo. O que nos permite destacar dois princípios de um processo avaliativo mediador presentes na cena relatada: a) O princípio formativo/mediador: desenvolver estratégias pedagógicas desafiadoras para cada um e para todos os alunos a partir da observação e reflexão das manifestações individuais de aprendizagem; b) O princípio ético: cuidar mais e mais tempo de quem precisa mais.
Todos os dias, todas as horas e na dinâmica própria das salas de aula se fazem espontaneamente presentes os três tempos da avaliação mediadora: 1. O tempo da admiração: aprende a “ad-mirar” o sujeito aprendiz, a partir da convivência com o outro buscando um olhar mais amplo, mais intenso, sempre presente; 2. O tempo da reflexão: o tempo de refletir sobre jeitos de aprender, termos humildade no sentido de pensar no que somos e sabemos para interpretar o que se está vendo acerca da realidade observada; 3. O tempo da reconstrução das práticas avaliativas: o tempo que lhe dá essência, é o da ação reflexiva, da mediação.
Uma concepção formativa e mediadora
Diferente de uma questão processual a concepção formativa está no envolvimento do professor com os alunos e na tomada de consciência acerca do seu comprometimento com o progresso deles em termos de aprendizagens – na importância e natureza da intervenção pedagógica. A visão formativa parte do pressuposto de que, sem orientação de alguém que tenha maturidade para tal, sem desafios cognitivos adequados, é altamente improvável que os alunos venham a adquirir da maneira mais significativa possível os conhecimentos necessários ao seu desenvolvimento, isto é, sem que ocorra o processo de mediação

As contribuições de Piaget e Vygotsky
Os estudos de cunho piagetiano sugerem situações educativas que privilegiem desafios cognitivos ao invés Do “instrucionismo” que prevalece, hoje nas salas de aula. Para o educador que se baseia na perspectiva mediadora construtivista, o desafio está em propor atividades que sejam provocativas aos alunos, desde que adequadas às suas possibilidades de desenvolvimento, o que lhes exige, então, um grande conhecimento dos educandos. A concepção de aprendizagem de Piaget(1977) pressupõe desequilíbrio, conflito, reflexão e resolução de problemas.
Em Vygotsky (1991, 1991b, 1993, 1995), o conceito de mediação é central em termos do desenvolvimento humano como processo sócio-histórico. Como sujeito do conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos do conhecimento. Esse acesso mediado por elementos mediadores a partir dos quais se dá a transposição dos significados do mundo real para o seu pensamento (representações). De acordo com essa teoria, o educador não deve levar em conta, como ponto de partida para a ação pedagógica, apenas o que o aluno já conhece ou faz, mas principalmente, deve pensar nas potencialidades cognitivas dos educandos, fazendo outros desafios e mais exigentes no sentido de envolvê-los em novas situações, de modo a provocá-los, permanentemente, à superação cognitiva.

O papel mediador do professor
Dessa forma, tanto Piaget quanto Vygotsky fundamentaram o papel insubstituível do educador na construção do conhecimento, defendendo a importância da interação adulto/acriança e criança/criança como desencadeadora dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento.
Em sintonia com tal perspectiva teórica, o processo de avaliação mediadora tem por intenção, justamente, promover melhores oportunidades de desenvolvimento aos alunos e de reflexão crítica da ação pedagógica, a partir de desafios intelectuais permanentes e de relações afetivas equilibradas. A partir dessas considerações teóricas sobre a mediação, pode-se transpor para a prática avaliativa três princípios essenciais: O princípio dialógico/interpretativo da avaliação: a intenção é a de convergência de significados, de diálogo, de mútua confiança para a construção conjunta de conhecimentos; O princípio da reflexão prospectiva: avaliar como um processo que se embasa em leituras positivas das manifestações de aprendizagem dos alunos, olhares férteis em indagações; O princípio da reflexão-na-ação: avaliar como um processo mediador se constrói na prática.
Para acompanhar o ritmo alucinado de uma escola, de muitas horas de trabalho com crianças e adolescentes, é certo que não basta ser consciente do caráter mediador e interativo da avaliação. Penso que temos de admitir que não sabemos e tentar descobrir como fazer.

Fichamento feito por Najla Almeida, a partir de contribuições dos grupos de trabalho da turma de Didática Geral.


Um comentário:

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